Translate

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

HISTORIETAS

           OS VAPOROSOS- P5

 Levou uma semana até que meu filho se acalma-se. Ele olhava em volta o tempo todo, tive que ficar perto dele todo o tempo. As vezes ele chorava e me pedia desculpas por não ter acreditado em mim. Eu acalmava ele, dizendo que tudo bem e perguntava se ele ainda os via.

 Ele dizia que não, mesmo eu sabendo que não tinha nenhum deles por ali, mas minha duvida agora é saber se ele ainda os vê. No sétimo dia eu tinha que ter certeza se ele os via ou não, então disse ao meu filho: - Vamos pra fora, no quintal, preciso saber se você ainda vê eles, mas me prometa que não vai gritar e nem se desesperar, senão eles matam você ok.

 Com muito medo de que meu filho gritasse, e ciente de que no caso eu morreria junto com ele, pois jamais deixaria ele morrer sozinho sem lutar, pego sua mão e levo ele pra fora.

 Meu sangue congela pela primeira vez, o medo de perde-lo, me faz sentir culpa por estar levando ele lá fora, talvez estejamos indo para a morte certa.

 Chegando no quintal, pergunto se ele vê algum deles, sabendo que há dois no quintal, um perto da cerca, e o outro vem em nossa direção.

 Meu filho olha bem na direção do que está vindo, é como se por alguns segundos o tempo e minha respiração parasse, e me preparo pra luta.

 Ele arregala os olhos, mas no mesmo instante, olha para mim e diz: - Como você conseguiu por todos esse anos? Eu estou tendo de fazer um belo esforço para não gritar.

 Então eu digo: - Estou surpresa com você. Pensei que seria nosso fim. Quanto a mim, acho que me acostumei porque desde pequena convivo com isso. Quantos você esta vendo?

 Ele diz: - Dois.

 Preciso prosseguir com meu plano agora.

 Talvez possa pedir que me ajude, mas talvez deixarei ele de fora, não quero que se machuque por minha causa.


                    ... 

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

HISTORIETAS

                OS VAPOROSOS - P4

  Por alguns dias venho os observando discretamente, até agora nada. Nenhuma coisa os distraiu.

 Até que em um belo dia, um grito os chamou a atenção, uma mulher com medo de uma barata, e eles se aproximaram para ver. Não acredito que seja por causa da barata, mas sim porque o que eles mas temem, é serem descobertos, então quando a mulher começou a gritar, eles foram lá para ver se ela tinha visto um deles e não para ver ela gritando por causa da barata.

 Como eu pude não perceber, que o que eles mais temem, é ser percebidos, portanto o que pode distraí-los é seu próprio medo.

 Voltando para casa, pensando em um plano que possa distraí-los, me deparo com uma cena na qual eu mais temia.

 Vejo meu filho congelado olhando na direção do final de uma rua. Um frio me subiu a espinha.

 Eu conheço muito bem esse olhar, essa cara de pavor.

 Corro em sua direção, ao mesmo tempo em que ele abre a boca para gritar. Chego a tempo de tampar sua boca e olhos.

 Tirando a mão de sua boca. Abraço ele com muita força, ele esta frio como gelo. Em seu ouvido digo: - Presta atenção meu filho, eu estou aqui com você, não abra os olhos e não grite. Não olhe para eles, se perceberem eles te matam. Eu avisei você sobre isso, mantenha a calma e finja que não viu. Você me entendeu?

 Mantendo seus olhos tapados, gritei com ele:- Você entendeu o que eu disse?

 Ele balança a cabeça que sim.

 Mesmo no frio meu filho tem costume de carregar óculos escuro. Enfio a mão no seu casaco e pego o óculos, coloco nele e digo: -Mantenha a calma e não olhe pra lá, vamos pra casa.

                                            

                                                   ...


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

HISTORIETAS

                    OS VAPOROSOS - P3

 Durante o inverno andei como se nada estivesse acontecendo, procurando por alguma coisa que pudesse ajudar a pegar ou acabar de vez com esses seres.

 Passei por vários lugares fingindo estar ali só olhando e tirando fotos, sempre que podia falava para alguém aleatório que estava passando, que estava fazendo um projeto arquitetônico, tudo bem pra mim à pessoa achar estranho, já que sou a louca da cidade, pois o importante é eles pensarem isso também e não desconfiarem de nada, fui formada em arquitetura, mas minha paixão era a fotografia, pena não ter percebido antes, assim teria gasto o dinheiro da faculdade, na profissão que realmente me faz feliz.

 Por muitos dias andei e descobri que, como eles ficam mais visíveis no frio, eles se agrupam em lugares onde estão abandonados, geralmente eles estão por toda parte, até dentro das nossas casas, mas uma ideia me ocorreu.

 Preciso bolar um plano, começando por tentar descobrir o que os distraem, a partir daí distrai-los para fazer alguns testes, obvio tudo sem que percebam.

 Então bora descobrir o que os distraem.

 

                                                          ...